quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Reposta ao Sr. Engenheiro.



Foi Deus

Não sei, não sabe ninguém
Porque canto o fado neste tom magoado de dor e de pranto
E neste tormento, todo o sofrimento
Eu sinto que alma cá dentro se acalma nos versos que canto

Foi Deus que deu voz ao vento,
Luz ao firmamento e deu o azul às ondas do mar
Foi deus que me pôs no peito
Um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar

Fez poeta o rouxinol, pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto, não sei o que canto
Misto de ventura, saudade ternura e talvez amor
Mas sei que cantando, sinto mesmo quando
Se tem um desgosto e o pranto no rosto nos deixa melhor.

Foi Deus que deu luz aos olhos, deu o ouro ao sol e a prata ao luar
Foi Deus que me pôs no peito um rosário de penas que vou
Desfiando e choro a cantar





Estranha forma de vida

Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais:
para, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.


Não tenho por hábito responder com post's aos desafios dos nosso comentadores. Contudo há comentadores que me merecem muito respeito e consideração. Por isso fiz os post's anteriores, de grandes escritores que mais tarde ou mais cedo (Tolkien desde o berço, Oscar Wilde no leito da morte) se converteram ao Cristianismo e que por isso foram ostracizados (como Chesterton) ou reduzidos até ecaixarem em classes ideológicas (os grupos de maricas tomaram para si Oscar Wilde).

Já este post é de uma mulher que sempre se afirmou cristã e, sendo provavelmente dos maiores íncones da cultura portuguesa, nunca foi de esquerda, contrariando o cliché habitual do artista esquerdófilo.

1 comentário:

o engenheiro disse...

Muito obrigado pela amizade e pela deferência.
Mas Olhe que não, olhe que não!
Não nos devemos basear em critérios ideológicos, até porque para um Cristão, em strictu sensu, a ideologia não pode funcionar como forma sobre imposta de mundivisão. Ela, qualquer que seja, resulta de uma weltanschauung , de uma explicação da criação e do ser, que tem por centro o Homem e não Deus.
Quantos às questões do Belo e da Estética concordo inteiramente. Eu oiço Zé Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Luís Cília. Inclusivamente já postei coisas do poeta Alegre cantadas pelo Cília mas sempre em tom provocatório ou pedagógico para a curta memória esquerdista. Mas oiço-os para gozo pessoal, diletante, lúdico ou memoralista.
A sua divulgação não é neutra e continuo a insistir que é um despropósito num belo blog como o vosso. Ser cristão, do CL, ou pró-Vida não nos obriga a ser de direita como o estereotipo esquerdófilo quer fazer crer mas obriga-nos, hoje mais do que nunca, a demarcar bem as águas e a olhar profundamente para o testemunho dos nosso mártires do séc. XX. Só a ignorância irresponsável nos pode levar a cantar colectivamente a bela toada do Santa Bárbara e não ver perpassarem por nós as imagens dos sacerdotes e leigos pendurados em ganchos de talho ou mortos à gadanhada na revolta das Astúrias pelos mesmos sujeitos que entoavam, por pura tradição, essas loas à Marusina. Esses mártires, reconhecidos como tal por João Paulo II, têm nomes, famílias e alguns são já Santos e outros Bem-aventurados Beatos.
E, por fim, se falar com alguns seus tios talvez eles lhe digam que nunca fui de direita. Confuso? Talvez não…Apenas que não há Liberdade sem Justiça nem Justiça sem Verdade! E o Caminho, a Verdade e a Vida é afinal o que encontramos no Cristo Ressuscitado.