terça-feira, setembro 25, 2007

A revisão do Código de Processo Penal


Aparentemente, a nova reforma do CPP não deveria merecer-nos quaisquer comentários, pela falta de calo político e jurídico-legislativo de que sofremos e pela falta de experiência e tacto no que respeita às questões processuais penais.

No entanto, uma observação cuidada do diploma que agora veio alterar o regime processual, traz para o sistema jurídico uma legalização premeditada e propositadamente escondida do debate público dos casamentos entre homossexuais.

Começa a ser comum no nosso país a técnica legislativa da secretaria: há dois anos, o Parlamento preparava-se para aprovar a lei da procriação artificial sem promover um debate público; agora, aprova as prerrogativas do casamento, alargando-as às cópulas homossexuais, no que diz respeito às questões do Processo Penal.

Importa relembrar o que muitas vezes dissemos neste blog: quando um partido político se apresenta a eleições legislativas, apresenta igualmente um programa de governo no qual indica as linhas políticas, económicas, sociais e culturais que visa prosseguir. É certo que não deverá passar todo o mandato a questionar o povo sobre decisões de cariz político, como sejam o Orçamento de Estado, o sistema judicial ou a política internacional. Porém, não se concebe uma maioria democrática que introduza questões culturais de relevo e tangibilidade com a vida concreta do povo sem consultar a sua opinião.

Mais grave ainda é o facto de esta introdução ser feita na secretaria, para que não venha a ser suscitado qualquer debate público.

Artigo 68.º
[...]
1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c) No caso de o ofendido morrer sem ter renunciado
à queixa, o cônjuge sobrevivo não separado judicialmente
de pessoas e bens ou a pessoa,
de outro ou do
mesmo sexo
, que com o ofendido vivesse em condições
análogas às dos cônjuges, os descendentes e adoptados,
ascendentes e adoptantes, ou, na falta deles, irmãos
e seus descendentes, salvo se alguma destas pessoas
houver comparticipado no crime;
[...]
Artigo 134.º
Recusa de depoimento
1 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) Quem tiver sido cônjuge do arguido ou quem,
sendo de outro ou do mesmo sexo, com ele conviver ou
tiver convivido em condições análogas às dos cônjuges,
relativamente a factos ocorridos durante o casamento
ou a coabitação.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Yolanda - Pablo Milanes




Esto no puede ser no más que una canción;
quisiera fuera una declaración de amor,
romántica, sin reparar en formas tales
que pongan freno a lo que siento ahora a raudales.
Te amo,
te amo,
eternamente, te amo.

Si me faltaras, no voy a morirme;
si he de morir, quiero que sea contigo.
Mi soledad se siente acompañada,
por eso a veces sé que necesito
tu mano,
tu mano,
eternamente, tu mano.

Cuando te vi sabía que era cierto
este temor de hallarme descubierto.
Tú me desnudas con siete razones,
me abres el pecho siempre que me colmas
de amores,
de amores,
eternamente, de amores.

Si alguna vez me siento derrotado,
renuncio a ver el sol cada mañana;
rezando el credo que me has enseñado,
miro tu cara y digo en la ventana:
Yolanda,
Yolanda,
eternamente, Yolanda.

Nada, nem ninguém, pode satisfazer o desejo de infinito que existe em cada homem. Contundo, a consciência desta impotência, faz-nos perceber que não estamos sós. Estamos, como diz a música, acompanhados nesta solidão.

Encontrarmos, no meio da multidão, alguém, tão impotente como nós, mas que olha para a nossa humanidade e a ama tal como ela é, ajuda-nos a levantar de manhã e continuar a procurar aquEle que realmente pode satisfazer o nosso desejo.

Missa em Latim!

O DN de ontem, ao bom estilo jornalístico português, decidiu criar sensação e dizer o Cardeal Patriarca estava contra o Papa na questão da missa em Latim.

Quem leu a notícia, que mesmo com honras de capa só teve direito ao fim da última página do jornal, percebe que o DN só quis mesmo causar sensação, sem se preocupar com aquilo que realmente disse o Senhor Patriarca.

Podem ver aqui a mensagem que o Patriarca de Lisboa enviou aos párocos de Lisboa, na qual nos podemos aperceber da sua profunda comunhão com o Santo Padre e do seu amor a este povo que o Papa confiou à sua autoridade de pastor da Igreja.

Semper Fidelis!

sábado, setembro 15, 2007

Beatificação do Papa João Paulo II

Deixo aqui (passará também a constar da nossa lista de links) o site oficial do processo de beatificação do grande Papa João Paulo II:

http://www.vicariatusurbis.org/Beatificazione/

L'inizio vero, una provacazione alla vita

"«Settembre, andiamo. È tempo di migrare», diceva il poeta Gabriele D’Annunzio, riferendosi ai pastori che lasciavano la loro terra. Tornare a lavorare, rimettere piede a scuola è forse “migrare” da se stessi? Da quel che si desidera? Il cosiddetto senso del dovere che molti invocano per ricominciare dopo le vacanze, il significato di quel che si è chiamati a fare per obbligo o necessità sta forse nel negare se stessi ributtandosi nella prigione delle cose?

Parlando ai responsabili internazionali di Cl, don Carrón ha detto che «l’affermazione dell’io diventa una prigione quando non corrisponde alla vera natura dell’io. Perché, la natura dell’io qual è? È quello che deve fare (e perciò non riesce mai a essere soddisfatto), è quello che è in grado di realizzare o la natura dell’io è rapporto con il Mistero? Noi siamo tante volte incastrati, perché su questo punto la mentalità è quella di tutti».

Dire che ricomincia la scuola significa che ricomincio io dentro la scuola con tutta l’ampiezza della mia umanità: studente e insegnante, e anche genitore. Perché il desiderio dell’io è più grande di ogni riuscita e di ogni delusione e resiste anche sotto una montagna di detriti. Se non ricomincio io, nulla ricomincia veramente, e si percepisce la realtà solo come se fosse un grande marchingegno che prosegue indifferente la sua corsa. E così si finisce per subire le circostanze, prigionieri o annoiati già al primo passo.

Solo quando si ricomincia prendendo sul serio le proprie domande e le urgenze che stanno sotto il desiderio di significato, di vero e di bello che ci costituisce, la realtà quotidiana apre il suo tesoro di occasioni, di incontri, di scoperte. Se così non è, la scuola - come ogni altro luogo dove si vive - diviene un anonimo deserto dove si incontrano apparenze di persone, che esibiscono solo la parte esteriore, spesso più superficiale e perciò violenta, di se stesse. E invece che aule, ore, dialoghi dove si impara a essere liberi, diventa un caravanserraglio di mezzi schiavi. Invece che speranza per il futuro del Paese, emergenza sociale. «Le crisi di insegnamento - scriveva Charles Péguy, nel 1904, in un articolo per la riapertura delle scuole - non sono crisi di insegnamento; sono crisi di vita. Una società che non insegna è una società che non si ama, che non si stima; e questo è precisamente il caso della società moderna» (Lui è qui, Bur, p. 39).

La scuola non vive in un mondo a parte, è anzi radice e fiore di un popolo. Ma nessun sociologo, nessun pedagogista democratico e nessun ministro possono fare in modo che “l’io ricominci” al livello giusto nella scuola, cioè al livello della libertà. Occorre un incontro. L’esperienza della libertà, lo sappiamo dalla vita, si fa quando si incontra qualcosa, qualcuno che soddisfa il desiderio di pienezza che abbiamo. Sono molte le false promesse di libertà che ci vengono propinate, e che però crollano davanti a una sincera domanda di vera liberazione.

Ma allora, a dispetto di tutte le difficoltà e i guai, dove sono questi incontri che fanno ricominciare l’io e che rendono la scuola non esilio da se stessi, ma educazione, ovvero l’avventura di entrare nella realtà, diventando uomini?
In questo numero di Tracce, il perché vale la pena ricominciare nell’esempio di alcuni studenti e insegnanti. «L’inizio vero - disse don Giussani a un raduno di insegnanti a Viterbo, nell’agosto del 1977 - è una provocazione alla nostra vita; ciò che non è provocazione alla vita ci fa perdere tempo, energia e ci impedisce la vera gioia». Buon inizio a tutti."

Editorial Tracce nº 8, Setembro

"Ou protagonista ou nada"

"Vimos e vemos hoje no Evangelho que para Deus não existem periferias. A Terra Santa, no amplo contexto do Império Romano, era periferia; Nazaré era periferia, uma cidade desconhecida. E todavia precisamente aquela realidade era, de facto, o centro que mudou o mundo! E assim também nós devemos formar centros de fé, de esperança, de amor e de solidariedade, de sentido da justiça e da legalidade, de cooperação. Somente assim a sociedade moderna pode sobreviver.

É necessária esta coragem, para criar centros, mesmo se já não parece existir esperança. Devemos opor-nos a este desespero, devemos colaborar com grande solidariedade e fazer o que for possível para que cresça a esperança, para que os homens possam colaborar e viver. Como vemos, o mundo tem que ser mudado, mas é exactamente esta a missão da juventude! Não podemos fazê-lo somente com as nossas forças, mas em comunhão de fé e de caminho. Em comunhão com Maria, com todos os Santos, em comunhão com Cristo podemos fazer algo de essencial e encorajo-vos e convido-vos a ter confiança em Cristo, e ter confiança em Deus. Estar na grande companhia dos Santos e ir adiante com eles pode mudar o mundo, criando centros na periferia, para que realmente se torne visível e se torne realista a esperança de todos e cada um possa dizer: "Eu sou importante na totalidade da história. O Senhor ajudar-nos-á". Obrigado
"

Papa Bento XVI, Ágora dos Jovens italianos, Loreto, Setembro 2007 (Encontro Completo)

Semper Fidelis!

quinta-feira, setembro 13, 2007

Perseguições!

Continua, de maneira escandalosa, a perseguição à Igreja na China!

Enquanto pelo mundo fora se fala do "milagre económico" chinês bispos, padres e leigos continua a ser presos e mortos!

Que Nossa Senhora, Rainha dos Mártires, mantenha os nossos irmão chineses firmes na fé para que do seu sangue nasça um povo cristão.

Soneto da Fidelidade - Vinicius



E tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meus pensamentos
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

quarta-feira, setembro 12, 2007

Guerra ao Terrorismo

Fez ontem 6 anos sobre os atentados as Torres Gémeas. Muitos gostam de dizer que nesse dia o mundo mudou, esquencendo-se que há séculos que o mundo existe e que muitos foram os acontecimentos que, supostamente, "mudaram" o mundo. Não podemos contundo deixar de reconhecer que estes atentandos foram o catalisador para a guerra contra o terrorismo (guerra esse que era inevitável, mais tarde ou mais cedo) e que acabou por originar a guerra no Afeganistão e, sobretudo, a guerra no Iraque.

Deixo aqui o juízo que o movimento Comunhão e Libertação fez quando começou a guerra no Iraque pois é uma ajuda para ajuizar toda a chamada "guerra ao terrorismo":

"Não, assim como não nos tinha convencido Bush pai, assim não nos convence Bush filho. Não conseguimos perceber porque é que Saddam seja o mais malvado de todos, porque é que é o mais perigoso, porque é que o seu aniquilamento é, por isso, indispensável à luta contra o terrorismo. Ou melhor: em relação a outros regimes, a tirania de Saddam aparece mais "moderada". Veja-se como exemplo, a tolerância pelas Igrejas cristãs, que no Iraque existem; e noutros países não.

Somos contra esta guerra; estamos com o Papa, que a vê desproporcionada como método e como objectivo e está a recorrer a todos os meios lícitos para evitá-la: para evitar que os pobres iraquianos, além da opressão humana e política, sejam também expostos aos bem mais mortais bombardeamentos aéreos. E que, nós todos, sejamos expostos às consequências de um conflito inútil.

Nós estamos com o Papa, não só contra a guerra, mas sobretudo a favor da sua obra de reconstrução da paz. O Papa não desligitima a América; não diz que é a sentina de todos os vícios do rico Ocidente; não desbaptiza, nem excomunga os soldados católicos que partiram para o Iraque; mas convida todos a unirem-se a ele na oração ("Só a intervenção do Alto pode fazer esperar num futuro menos obscuro... convido todos a pegar no Terço para invocar a intercessão da Santíssima Virgem"; Angelus de 9 de Fevereiro de 2003) e na procura do modo mais adequado para combater a violência que está sobre nós.

Deste modo mais adequado nós vemos um aspecto irrenunciável: a salvaguarda da liberdade. A liberdade de acreditar, a liberdade de se exprimir, a liberdade de trabalhar por um futuro melhor; a liberdade da Igreja e a liberdade do Estado; a liberdade das instituições e a liberdade da democracia. A América é um exemplo disto; é de tal modo um exemplo disto que se torna quase como um sonho, sobretudo para os deserdados. Por isso ainda que o governo americano, na situação actual, erre, nós à América não renunciamos, até porque na América se pode ser contra a guerra da América. Em muitos países uma liberdade assim nem sequer é sonhada. Nós não queimamos as bandeiras americanas, não perseguimos a utopia da sociedade de tal modo perfeita que seja inútil ser-se bom. Não nos sentimos bem porque fazemos declarações aprovadas pela maioria.

Nós sentimos responsabilidade, amargura e pena pelas contradições que não se conseguem explicar; pela impotência dos organismos internacionais; pelos condicionamentos que, inevitavelmente, ligam as relações entre os Estados. Sabemos que a nossa liberdade deve ser usada para mudar as coisas com fadiga, determinação e civilidade de escolhas.

O verdadeiro movimento pela paz é um movimento de educação, no qual se afirmem como consciência de povo a escolha que o mal - terrivelmente presente também em cada um de nós e não só num inimigo externo (que muda consoante a fileira em que se está) - não vença sobre o bem. De maneira que cada juízo eacção sejam factores de paz, de justiça e de civilidade."

segunda-feira, setembro 10, 2007

"Ave Maria Stella del Mattino"



"Ave Maria splendore del mattino
puro è il tuo sguardo ed umile il tuo cuore
protegga il nostro popolo in cammino
la tenerezza del tuo vero amore.
Madre non sono degno di guardarti
però fammi sentire la tua voce
fa' che io porti a tutti la tua pace
e possano conoscerti ed amarti.
Madre tu che soccorri i figli tuoi
fa' in modo che nessuno se ne vada
sostieni la sua croce e la sua strada
fa' che cammini sempre in mezzo a noi.
Madre non sono degno di guardarti
però fammi sentire la tua voce
fa' che io porti a tutti la tua pace
e possano conoscerti ed amarti.
Ave Maria splendore del mattino
puro è il tuo sguardo ed umile il tuo cuore
protegga il nostro popolo in cammino
la tenerezza del tuo vero amore."

Claudio Chieffo

Sobre a morte de Cláudio Chieffo, don Julian Carron lembrava como o nosso povo foi educado no seu canto. Hoje na missa, ao escutar este cântico à saida, não pude deixar de me recordar quão verdadeiras são essas palavras.

"O canto é a expressão máxima de um povo"



Luciano Pavarotti
12 de Outubro de 1935 - 6 de Setembro de 2007

"Oh Brave New World"

Há uns anos li o livro "Admirável Mundo Novo". O livro descreve uma sociedade onde o desejo foi totalmente eliminado: os bebés são criados em laboratórios e condicionados desde pequenos para gostarem da ocupação que a sociedade lhes atribui, é incentivada a total exploração da sexualidade, inventaram uma droga que causa uma sensação de bem estar sem ressaca, inventou-se um modo de manter as pessoas saudáveis para ser mortas com uma certa idade, eliminaram-se todas as doenças. Neste "mundo novo" não existe a frustração nem a amargura, todos os instintos são satisfeitos imediatamente.

Para isto eliminou-se a familia, a cultura, a tradição e a religião ou seja, os intrumentos que são concedidos ao homem para não ter que começar a demanda pelo significado da existência do zero.

Porque se é verdade que o grito do coração do Homem, o grito de infinito que existe dentro do Coração de cada homem não pode nunca ser extinto, pode ser cancelado através da alienação da realidade.

Contudo, neste sociedade completamente alienada, dependente de drogas e sexo, existem alguns selvagens, que vivem em reservas, que se mantêm religiosos, que vivem em familias e que lêm. Um destes selvagens é trazido para a cidade e começa por deliciar-se com este mundo. Contudo rapidademente compreende que o preço por esta satisfação imediata dos instintos é a sua própria humanidade. Desesperado diante desta sociedade bestializada o "Selvagem" acaba por se suicidar.

Este livro é essencial, não como uma teoria sobre o Desejo ou como defesa da Familia, da Cultura e da Religião, mas como sério aviso aquilo que nos espera.

Tornam-se cada vez mais visíveis os ataques à familia (o aborto, a eutanásia, as uniões de facto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo), o incentivo à sexualidade desenfreada como mero instinto, a perseguição a religião e a transformação do sentido religioso em mero sentimento relativo, o total desprezo pela tradição e pela cultura. Este admirável mundo novo está cada vez mais perto...

domingo, setembro 09, 2007

Pippin's Song



"Home is behind the world ahead
And there are many paths to tread
Through shadow to the edge of night
Until the stars are all alight.

Mist and shadow
Cloud and shade
All shall fade
All shall fade"

sexta-feira, setembro 07, 2007

É bella la Strada!

Morreu há cerca quinze dias Claudio Chieffo, cantor e escritor da maior parte dos cantos com que fomos educados no movimento. Ficam aqui as palavras de don Julian Carron sobre a sua morte:

"Caros amigos, rezamos por Claudio Chieffo, que agora vê cara a cara o rosto bom do Mistério que faz todas as coisas e que ele desejou e cantou por toda a vida.

A poesia das suas canções exprimiu a paixão pela presença de Cristo como Aquele que revela a cada um de nós o significado do drama da vida, fazendo-se companheiro do caminho para o Destino.

O nosso povo, educado nos seu canto, continua a caminhar na certeza que «é a bela a estrada que leva a casa», onde agora don Giussani e don Ricci acolhem Claudio"

Rimini, 19 de Agosto

Cem por um.

Acabaram-se as férias, o blog está de volta. Foram umas férias grandes e belas. Marcadas pelas férias dos Universitários de Comunhão e Libertação, onde cresci na consciência que Cristo me atrai a si, não através de uma teoria ou de uma moral, mas através das coisas belas que me coloca diante e onde brilha a Sua Luz.

Acabadas as férias começa o ano lectivo com o desejo reforçado que nada se perca, que tudo seja para a minha felicidade: das aulas a eucarístia, do namoro a oração.

Neste primeiro "post" à séria desde que parti de férias, fica o desejo de viver a vida cada vez mais a sério, pois experimentei com clareza nesta férias que Cristo dá realmente cem por um.

I hope you dance - LeAnne Womack

O meu mestre, don Giussani, ensinou-me a valorizar a beleza de cada coisa que encontro no meu caminho. Esta música é daquelas que habitualmente me faz gozar animadamente com os cantores "foleiros". Contudo o desejo que a cantora exprime é o que eu peço para mim: que nunca me deixe de espantar com a realidade, que nunca deixe esmorecer o desejo, que prefira ser protagonista a nada.

I hope you never lose your sense of wonder
You get your fill to eat
But always keep that hunger
May you never take one single breath for granted
God forbid love ever leave you empty handed
I hope you still feel small
When you stand by the ocean
Whenever one door closes, I hope one more opens
Promise me you'll give faith a fighting chance

And when you get the choice to sit it out or dance
I hope you dance
I hope you dance

I hope you never fear those mountains in the distance
Never settle for the path of least resistance
Living might mean taking chances
But they're worth taking
Lovin' might be a mistake
But it's worth making
Don't let some hell bent heart
Leave you bitter
When you come close to selling out
Reconsider
Give the heavens above
More than just a passing glance

And when you get the choice to sit it out or dance
I hope you dance
(Time is a real and constant motion always)
I hope you dance
(Rolling us along)
I hope you dance
(Tell me who)
I hope you dance
(Wants to look back on their youth and wonder)
(Where those years have gone)

I hope you still feel small
When you stand by the ocean
Whenever one door closes, I hope one more opens
Promise me you'll give faith a fighting chance

And when you get the choice to sit it out or dance
Dance
I hope you dance
I hope you dance
(Time is a real and constant motion always)
I hope you dance
(Rolling us along)
I hope you dance
(Tell me who)
(Wants to look back on their youth and wonder)
I hope you dance
(Where those years have gone)

(Tell me who)
I hope you dance
(Wants to look back on their youth and wonder)
(Where those years have gone)

Post do Padre Pedro Quintela sobre Madre Teresa - ESSENCIAL!

Missionária da Caridade
(Nos 10 anos da morte da Madre Teresa)

Uma fotografia junto a um moribundo. Outra mostrando-a a sorrir. Uma frase lapidar ligando o aborto e a paz. Algum episódio que ouvimos acerca da sua vida ou qualquer coisa vista à pressa na televisão, transformaram esta freira que, em nome de Jesus, pretendeu enterrar-se nos confins do mundo, numa figura familiar a todos nós, e que todos, mais ou menos, julgávamos conhecer e compreender. Poucos terão deixado de se impressionar com a sua vida, toda dada aos pobres, vida essa que nos aparecia de um modo óbvio e como que sem segredos.

A publicação recente das suas cartas aos padres que ao longo dos anos a acompanharam em direcção espiritual vem por em causa a leitura linear da sua vida: católica-generosa-freira-orações-dedicada aos pobres-santa…

Eis que por detrás de anos de aparente tranquilidade surge a notícia de uma travessia sofridíssima face ao apelo de Deus para fundar as Missionárias da Caridade, na fidelidade intocável a essa vocação e na depuração total de uma noite começada nos anos 50 e que só terminaria a 5 de Setembro de 1997.

Não poucos cristãos, ligeiros na fé, reduzem esta a um sentimento que certifica a existência de Deus, ficando assim o Senhor refém das emoções de cada um. Mais sentimento, mais Deus. Mais sensação, mais certeza. Mais emoção, mais fé. Portanto, mais eu ‘contente’ mais Deus ‘contido’ em mim (donde, alguma razão teriam os que acusam os cristãos de serem gente que confunde a sua transpiração emocional com uma entidade pessoal a que chamam Deus). Como é óbvio, quem assim pensa e vive não deixará de encontrar motivos de desalento nas dúvidas da Madre Teresa.
Enganam-se os que sentem que Deus salva o mundo com bons sentimentos, borbulhas gasosas e outras sensações agradáveis. No âmbito do amor campeia hoje um vocabulário que não vai muito além do umbigo: ‘estar bem’, ‘realizar-se’, ‘ter direito a ser feliz’. Não que o Evangelho agache a promessa de felicidade: 100 vezes mais a promete o Senhor! Todavia, os termos são outros porque a realidade é Mistério que crucifica a pretensão do homem. Mesmo as suas boas intenções religiosas. Este só se abre ao Senhor na oblação da vontade chamada obediência, no esvaziamento de si em pobreza chamado comunhão, na ambição de uma aliança de amor maior chamada sacrifício.
A fé pode emergir dum sentimento, despertado pela Palavra. E quanto consolo não terá recebido a Madre Teresa quando o Senhor quis que ela o recebesse: alegria, alegria, paz, certeza, esperança! Mas a fé afirma-se na travessia do tempo como decisão, escolha, aventura de confiança: ‘mais Te escondes, mais o meu desejo permanece atento como sentinela’. Ou seja, a fé mede-se na fidelidade!

Deus revela-se, diz e diz-Se, apresenta-se como Pai, dá segurança e lei, vem como irmão e amigo, oferece a Sua presença interior, unção suave de gozo e paz e a partilha a Sua fecundidade. Mas o mesmo Deus vem buscar-nos a casa para nos trazer até à Sua Casa: seguem-se dias ou meses, todo o tempo que Ele providenciar, duma travessia sem dia de chegada marcado! Tempo assaltado por provações e tentações no silêncio escuro das estreitas veredas por onde se é chamado a seguir. Às vezes tempo de uma solidão invencível porque o Único que a podia vencer mais a afirma. Esse mesmo que sabe da nossa sede d’Ele e de quanta água temos guardada para o caminho nessa cisterna a que chamamos coração.

Acresce que surgiram a proclamar vitória e vingança os do costume, fardados com as pompas do ateísmo, confirmando a evidência de que a fé começa por ser um fruto da imaginação para terminar numa obsessão fraudulenta: fantasia-se Deus, Ele não se mostra, continua-se a viver fingindo que Ele existe. Daí que a Madre Teresa não fosse mais do que uma espécie de marxista sublimada, em versão católica.
Para o desmentir, bastaria lembrar que as utopias nascem generosas, afirmam-se na violência e morrem ferozes. Não consta que a Madre Teresa tenha pugnado por tribunais populares. Note-se, também, que a santa de Calcutá não deparou, a páginas tantas, na sua vida com o desmentido dos seus ideais: ‘é tudo falso’. O que se passou e que, pelo visto, muito a admirou na heroicidade do seu sofrimento, foi que nela encarnava e se cumpria o Evangelho todo, e também aquela parte em que Jesus sua sangue…

Outros, ainda, que fazem um percurso vivo e aprofundado da sua fé, não deixaram de encontrar nas dúvidas da Madre Teresa argumentos simétricos que justificam as suas próprias dificuldades existenciais que os fazem suspeitar de Deus, da Eucaristia, da alma, do céu e do resto do credo…
Julgam mal os que julgam reconhecer na Madre Teresa uma crise de fé como as suas: porque uma coisa é a suspeita de Deus que nos faz não embarcar e seguir com Ele. Não querer ir mais longe do que o nosso projecto/sonho de vida; e que o Senhor não venha perturbá-lo… Outra coisa é a aventura de quem se fez ao largo e fundo mar, lá onde fala o Adamastor, mantendo firme a face diante da vaga, das muitas vagas. Porque não é a presença de Deus no mar alto que assusta. É a Sua ausência. É o Seu permitir que sobre os justos rebentem ondas que rebentam tudo. ‘De Deus não farás imagens’ diz o mandamento. E que outra graça trouxeram à Madre Teresa todos os anos de deserto no mar alteroso senão aquela mesma que a fez identificar-se com o rosto do Filho na dom da Cruz.
Distinguem-se, ainda, os acontecimentos interiores no coração da Madre Teresa dos que nos ocorre reparar em nós, pelo facto de, nestes, a sua natureza ser vulgar: quantos ‘interesses’ próprios e privados nos que têm interesse em ter dúvidas de fé. Nada de existencial, no sentido de datado e definido pelo séc. XX, na experiência da irmã de Calcutá. Ela sabia-o: ‘não confiar’, ‘não acreditar’, ser paralisada pelo medo, são experiências correntes num tempo adoecido na lassidão da in-certeza do ‘eu’ contra a necessidade de relação disponível com o ‘Tu'.
Na Madre Teresa a raridade da vocação que a fez sofrer o que agora sabemos tem a origem no mesmo dom de excepção da sua força, da extensão da sua generosidade, da evidência do seu testemunho cristão.

Não nos resta senão bendizer a Deus que a provou, incendiou, e deu aos nossos tempos com o heróica vocação de testemunhar até ao fim um amor único, virginal, total, como 'escrava do Senhor'. Como Missionária da Caridade, portanto!