quinta-feira, dezembro 13, 2007

Maçonaria - Revista Cruzada. Fevereiro 2006

O que é a Maçonaria? Qual a sua implementação em Portugal?

Resposta: 1. Em 1717 o pastor protestante inglês James Anderson fundou em Londres uma sociedade que, para melhor conservar o seu carácter secreto adoptou o nome e os sinais da corporação medieval dos pedreiros livres. Por isso chamou-se Maçonaria ou Franco-Maçonaria e os seus membros mações. Até há pouco, a Maçonaria era só para o sexo masculino. Actualmente incluem também mulheres.

Os locais de reunião chamam-se lojas. O esquadro, o compasso, o nível, o triângulo, o avental e os três pontinhos são sinais convencionais.

Desde o princípio, a Maçonaria dividiu-se em duas tendências:
Maçonaria regular ou inglesa, em que predominou o carácter de neutralidade religiosa.
Maçonaria irregular ou rito escocês, que se propagou sobretudo nas nações latinas (França, Itália, Espanha, Portugal), que é anticlerical.

A Maçonaria, que está estendida por todo o mundo, domina ou tem grande influência nos meios de comunicação social: imprensa, cinema, rádio e televisão e nas agências noticiosas. Empenha-se em influir no ensino, desde a escola primária até à Universidade.

Dentro da Maçonaria há 33 graus. Até ao 16 não são grandes as exigências. Daí para cima, sobretudo nos graus de Mestre e Grão-Mestre, os compromissos são cada vez maiores, até negar ou desprezar de maneira explícita Cristo e a Igreja.em 1919, contou o rei Afonso XIII ao Padre Mateo:

«Neste mesmo salão tive que receber uma delegação da maçonaria internacional, cerca de doze homens. Falaram comigo durante uma hora e fizeram-me as seguintes propostas:
a) que me inscrevesse na Maçonaria;
b) que decretasse que a Espanha não era um estado católico, mas laico;
c) que legalizasse o divórcio;
d) que suprimisse o ensino religioso nas escolas.
Se eu aceitasse estas condições, prometeram-me que poderia conservar o trono… não duvidei um instante e respondi:
- Nunca farei tal coisa! Sou crente! Sou católico!
Eles insistiram. Ao despedir-se, disse-me um daqueles homens:
- Que pena! Acaba Vossa Majestade de assinar o seu fim, como Rei de Espanha, e aceitar o seu desterro.
- Prefiro morrer desterrado – respondi – do que conservar o trono à custa de uma traição».
A maçonaria cumpriu a sua promessa: caluniou e atacou o rei até conseguir, onze anos mais tarde, a proclamação da República. A 15 de Abril de 1930 partia Afonso XIII para o desterro, como o tinham ameaçado.

E, Abril de 1919, o imperador Carlos da Áustria, exilado na Suíça, foi três vezes abordado pela Maçonaria que lhe prometeu a restituição do reino com a condição de aceitar os compromissos que ela lhe impunha. Retorquiu com dignidade o imperador: «Como príncipe católico, não tenho sequer resposta a dar».
Prevendo as consequências desta corajosa atitude, disse:
«Daqui para diante tudo me vai correr mal». Realmente, desde então, a sua vida foi um rosário de desgraças até à morte a 1 de Abril de 1922, na ilha da Madeira, onde o seu corpo se conserva incorrupto. Foi beatificado por João Paulo II a 3 de Outubro de 2004.

À maçonaria se atribui o bárbaro assassinato em 6 de Agosto de 1875 do cristianíssimo Presidente da República do Equador, Gabriel Garcia Moreno.


2. A Maçonaria em Portugal.

Com as tropas francesas e inglesas no tempo das invasões, depressa a Maçonaria se propagou por Portugal. Mas já em 1733, a Maçonaria se tinha introduzido em Portugal com duas lojas em Lisboa.

A começar pelo rei D. Pedro IV, eram mações quase todos os políticos liberais tais como os duques de Saldanha e de Loulé e os Condes de Tomar, Antas, Peniche, Lumiares e Parati, Gomes Freire de Andrade, Rodrigues Sampaio, Anselmo Brancamp, José Luciano de Castro, Elias Garcia, Sebastião Magalhães Lima, Silva Passos, Lobo de Ávila, António Enes, Cândido Reis;
Cientistas como Egas Moniz e Gago Coutinho;
Artistas como Rafael Bordalo Pinheiro.

A Maçonaria encarregou-se de exaltar estes seus filiados dedicando-lhes ruas e homenagens.
Referindo-se ao século passado, escreve Fortunato de Almeida:
«O desenvolvimento da Maçonaria em Portugal em todo o seu decurso do século XIX foi enorme, a ponto de estender a sua influência às mais modestas terras de Província. Encontrando-se quase sempre representadas no governo, quando não inteiramente senhores dele, os mações alcançaram todos os favores, imediatamente ou mediatamente, desde as leis opressivas da Igreja até à impunidade para os seus crimes e desordens».

Mações eram os dois criminosos Buiça e Costa, que a 1 de Fevereiro de 1908 mataram o rei D. Carlos e o príncipe D. Luís Filipe. A 14-12-1919 foi a vez do Presidente Sidónio Pais, cuja morte tinha sido decretada no grande Oriente maçónico de Paris.

Escreve o mação Machado Santos, o chamado fundador da República: «É a Maçonaria a grande mãe das revoluções. A obra da Revolução Portuguesa, também à Maçonaria se deve única e exclusivamente» (“A Revolução Portuguesa”, pág. 24).

Desde 1910 até 1926, a política portuguesa esteve nas mãos da Maçonaria, com Bernardino Machado, António José de Almeida, Afonso Costa, Brito Camacho, José de Castro, Magalhães de Lima, Norton de Matos, Egas Moniz.

A perseguição e a luta contra Fátima foram obra desta seita.

Em 1926 havia em Portugal 3153 mações, isto é, um por cada 2000 habitantes, agrupados em 115 lojas e triângulos.

A 21 de Maio de 1935, no governo de Salazar, a Maçonaria foi proibida pela Assembleia Nacional, apesar dos esforços em contrário de Norton de Matos.

A Maçonaria passou então a trabalhar na clandestinidade e o seu magnífico palácio tornou-se a sede do Comando da Legião Portuguesa.

Todos os funcionários públicos e os estudantes com mais de 16 anos estavam obrigados a comprometer-se a não pertencer à Maçonaria. Mas quantos mações fizeram a sério o juramento!

Logo após o 25 de Abril de 1974, o Decreto-Lei nº 594 abrogou a proibição da Maçonaria, que voltou a instalar-se no seu antigo Palácio e foi-lhe dada uma indemnização de 2500 contos, o que equivaleria agora a mais de 25 mil contos. A seita voltou a ter grande influência com boa parte dos políticos e ministros.

Para a chefia da Maçonaria havia duas listas: a primeira encabeçada por Raul Rego e Daniel Gomes de Pinho; a segunda, que foi eleita, tinha como chefes o Comandante da Marinha, Almeida Coimbra para Grão-Mestre, e o professor Oliveira Marques para Grão-Mestre adjunto.

3. A Maçonaria e a Igreja

A Maçonaria, sobretudo a de inspiração francesa, é profundamente anticlerical, laica e inimiga da Igreja e de todo o sobrenatural. Sob o pretexto de defender os interesses da humanidade e de fundar uma Sociedade igualitária e livre de preconceitos, encobre os seus intentos de atacar a Igreja e os governos cristãos.

«A Maçonaria foi sempre uma organização secreta anticatólica: foi-o desde o princípio e continua a sê-lo hoje. A única coisa que variou foram os métodos de actuação. Antigamente atacava frontalmente a Igreja Católica, crendo que tinha força suficiente para a derrubar e destruir. Convencida de que os seus ataques não produziam outro efeito senão fortalecê-la, mudou de táctica: organizou-se de maneira extraordinária com os métodos mais modernos e sofisticados. Encobriu de maneira radical a sua verdadeira face: não ataca directamente a Igreja; procura corrompê-la com a imoralidade, a mentira, o confusionismo» (Reino de Cristo, Madrid, Setembro de 1983).

Em 1877, bem informado da força da Maçonaria em Portugal, pôde dizer o Papa Pio IX à Peregrinação Portuguesa que foi a Roma: «Tendes um poderoso e terrível inimigo – é a impetuosa Maçonaria que quer destruir em vós os vestígios do Catolicismo». (Fortunato de Almeida, “História da Igreja em Portugal”).

A 24 de Abril de 1738, o Papa Clemente XIII promulgou contra a Maçonaria a primeira excomunhão, que os Papas Pio VII, Leão XII, Pio VIII, Gregório XVI, Pio IX e Leão XIII renovaram e corroboraram. A 20 de Abril de 1884, publicou Leão XIII a Encíclica «Humanum Genus», contra a Maçonaria. Eis uma passagem bem expressiva: «Esta seita é uma associação tão criminosa e tão funesta ao cristianismo, como à sociedade civil. Servindo-se da astúcia e da audácia, a maçonaria invadiu todas as escalar da hierarquia social e começa a imperar como soberana nos estados modernos… não teme sequer condenar à morte aqueles que tiverem divulgado os seus segredos ou resistido às ordens recebidas».

Até ao dia 27 de Novembro de 1983 ficava excomungado todo aquele que se inscrevesse na Maçonaria que combate a Igreja e a Religião (Cânone 2.335).

Pelo novo Código de Direito Canónico foi ab-rogada esta condenação mas, na véspera da sua entrada em vigor, isto é, a 26 de Novembro de 1986, com a aprovação do Santo Padre João Paulo II, publicou a Congregação para a Doutrina da Fé uma declaração na qual afirma: «Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão».

Quer dizer: os mações ou deixam a maçonaria ou não podem receber os sacramentos, especialmente a Sagrada Comunhão.


Revista “Cruzada”,
Fevereiro 2006