quarta-feira, janeiro 31, 2007

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis

segunda-feira, janeiro 29, 2007

O Não da Igreja

Não sou especialista em Direito Canónico, nem sequer possuo nenhuma autoridade especial para falar do tema. Mas ao contrário do que possa pensar quem leu o Público e o DN de hoje, um católico não pode votar sim no referendo.
Dizer isto é repetir o que disseram todos os bispos portugueses, fundamentados na Doutrina da Igreja e no Código de Direito Canónico.
Para mais informações sobre o tema, basta procura com alguma atenção nos site da Agência Ecclesia, do Zenit e da Santa Sé, disponíveis nos links do blog.

domingo, janeiro 28, 2007

Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring


GANDALF:You cannot pass!

FRODO:Gandalf!

GANDALF:I am the Servant of the Secret Fire. Wielder of the Flame of Anor. The dark fire will not avail you. Flame of Udûn!

GANDALF:You shall not pass!

BOROMIR:No!

FRODO:Gandalf!

GANDALF:Fly you fools!

FRODO:NOOoooooooooooooo!

Lord of the Ring: The Two Towers

"I know. It's all wrong. By rights, we shouldn't even be here. But we are. It's like in the great stories, Mr. Frodo. The ones that really mattered. Full of darkness and danger they were. And sometimes you didn't want to know the end.....because how could the end be happy? How could the world go backto the way it was...... when so much bad had happened?

But in the end, it's only a passing thing...... this shadow. Even darkness must pass. A new day will come. And when the sun shines, it will shine out the clearer. Those were the storiesthat stayed with you......that meant something. Even if you were too small to understand why. But I think, Mr. Frodo, I do understand. I know now."

Lord of the Rings: The Return of the King

"Sons of Gondor, of Rohan, my brothers. (They listen to him.) I see it in your eyes, the same fear that would take the heart of me. A day may come when the courage of men fails, when we forsake our friends and break all bonds of fellowship, but it is not this day! An hour of wolves and shattered shields when the age of men comes crashing down, but it is not this day! This day we fight! "

Henrique V



WESTMORELAND
O that we now had hereBut one ten thousand of those men in England
That do no work to-day!

KING HENRY V
What's he that wishes so?
My cousin Westmoreland?
No, my fair cousin:If we are mark'd to die, we are enow
To do our country loss; and if to live,
The fewer men, the greater share of honour.
God's will! I pray thee, wish not one man more.
By Jove, I am not covetous for gold,
Nor care I who doth feed upon my cost;
It yearns me not if men my garments wear;
Such outward things dwell not in my desires:
But if it be a sin to covet honour,I
am the most offending soul alive.
No, faith, my coz, wish not a man from England:
God's peace! I would not lose so great an honour
As one man more, methinks, would share from me
For the best hope I have.
O, do not wish one more!
Rather proclaim it, Westmoreland, through my host,
That he which hath no stomach to this fight,
Let him depart; his passport shall be made
And crowns for convoy put into his purse:
We would not die in that man's company
That fears his fellowship to die with us.
This day is called the feast of Crispian:
He that outlives this day, and comes safe home,
Will stand a tip-toe when the day is named,
And rouse him at the name of Crispian.
He that shall live this day, and see old age,
Will yearly on the vigil feast his neighbours,
And say 'To-morrow is Saint Crispian:'
Then will he strip his sleeve and show his scars.
And say 'These wounds I had on Crispin's day.'
Old men forget: yet all shall be forgot,
But he'll remember with advantages
What feats he did that day: then shall our names.
Familiar in his mouth as household words
Harry the king, Bedford and Exeter,
Warwick and Talbot, Salisbury and Gloucester,
Be in their flowing cups freshly remember'd.
This story shall the good man teach his son;
And Crispin Crispian shall ne'er go by,
From this day to the ending of the world,
But we in it shall be remember'd;
We few, we happy few, we band of brothers;
For he to-day that sheds his blood with me
Shall be my brother; be he ne'er so vile,
This day shall gentle his condition:
And gentlemen in England now a-bed
Shall think themselves accursed they were not here,
And hold their manhoods cheap whiles any speaks
That fought with us upon Saint Crispin's day.

Re-enter SALISBURYSALISBURY
My sovereign lord, bestow yourself with speed:
The French are bravely in their battles set,
And will with all expedience charge on us.

KING HENRY V
All things are ready, if our minds be so.

WESTMORELAND
Perish the man whose mind is backward now!

KING HENRY V
Thou dost not wish more help from England, coz?

WESTMORELAND
God's will! my liege, would you and I alone,
Without more help, could fight this royal battle!

Assim como os Ingleses ganharam no dia de São Cipriano, nós ganharemos no dia de Nossa Senhora de Lourdes

sábado, janeiro 27, 2007

Fix You

When you try your best but you don't succeed

When you get what you want but not what you need

When you feel so tired but you can't sleep

Stuck in reverse.

And the tears come streaming down your face

When you loose something you can't replace

When you love someone but it goes to waste

Could it be worse?

Lights will guide you home

And ignite your bones

And I will try to fix you

And high up above or down below

When you're too in love to let it go

But if you never try you'll never know

Just what you're worth

Lights will guide you home

And ignite your bones

And I will try to fix you

Tears stream, down your face

When you lose something you cannot replace

Tears stream down your face

And I..

Tears stream, down your face

I promise you I will learn from the mistakes

Tears stream down your face

And I..

Lights will guide you home

And ignite your bones

And I will try to fix you.

P.S.: Dedicado a quem me telefona as duas e meia da manhã e me faz lembra de mais uma música para pôr no blog!

"O Direito à Vida e Liberdade Religiosa"

4. O dever de respeitar a dignidade de cada ser humano, em cuja natureza se reflecte a imagem do Criador, tem como consequência que não se possa dispor da pessoa arbitrariamente. Quem detém maior poder político, tecnológico, económico, não pode aproveitar disso para violar os direitos dos outros menos favorecidos. De facto, é sobre o respeito dos direitos de todos que se baseia a paz. Ciente disso, a Igreja faz-se paladina dos direitos fundamentais de cada pessoa. De modo particular, ela reivindica o respeito da vida e da liberdade religiosa de cada um. O respeito do direito à vida em todas as suas fases estabelece um ponto firme de importância decisiva: a vida é um dom de que o sujeito não tem completa disponibilidade. Igualmente, a afirmação do direito à liberdade religiosa põe o ser humano em relação com um Princípio transcendente que o furta ao arbítrio do homem. O direito à vida e à livre expressão da própria fé em Deus não está nas mãos do homem. A paz necessita que se estabeleça uma clara fronteira entre o que é disponível e o que não o é: assim se evitarão intromissões inaceitáveis naquele património de valores que é próprio do homem enquanto tal.
5. Quanto ao direito à vida, cabe denunciar o destroço de que é objecto na nossa sociedade: junto às vítimas dos conflitos armados, do terrorismo e das mais diversas formas de violência, temos as mortes silenciosas provocadas pela fome, pelo aborto, pelas pesquisas sobre os embriões e pela eutanásia. Como não ver nisto tudo um atentado à paz? O aborto e as pesquisas sobre os embriões constituem a negação directa da atitude de acolhimento do outro que é indispensável para se estabelecerem relações de paz estáveis. Mais: no que diz respeito à livre manifestação da própria fé, outro sintoma preocupante de ausência de paz no mundo é representado pelas dificuldades que frequentemente tanto os cristãos como os adeptos de outras religiões encontram para professar pública e livremente as próprias convicções religiosas. No caso particular dos cristãos, devo ressaltar com tristeza que por vezes não se limitam a criar-lhes impedimentos; em alguns Estados são mesmo perseguidos, tendo-se registado ainda recentemente episódios de atroz violência. Existem regimes que impõem a todos uma única religião, enquanto regimes indiferentes alimentam, não uma perseguição violenta, mas um sistemático desprezo cultural quanto às crenças religiosas. Em todo o caso, não se respeita um direito humano fundamental, com graves repercussões sobre a convivência pacífica, o que não deixa de promover uma mentalidade e uma cultura negativas para a paz.´
Bento XVI, Mensagem Dia Mundial da Paz
Semper Fidelis!

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

Este poema é, provavelmente, o meu preferido. Este desejo de tudo e mais alguma coisa, este desejo das coisas finitas mas infinitamente, este desejo do que eternamente faz falta nas paixões e nos amores, é o meu desejo. Tambem eu não quero a média entre o tudo e o nada. A mediania não me satifaz.
Contudo esta sensação não é inútil, esta paixão não é por coisa nenhuma, mas por um rosto muito concreto, Aquele que é infinitamente finito, porque sendo Deus se fez homem, e impossivelmente possivel, porque desceu dos céus e Veio ao meu encontro, Ele que é tudo e um pouco mais: Cristo.
Por isso é que o resultado deste meu desejo não é um cansaço, mas uma certeza da qual nasce a esperança.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Freeeeedom!


Este video resume a nossa luta, desde o dia em que foi anunciado o referendo, até ao dia 11!

"What will you do whithout freedom?"

O Tigre e a Neve



Este filme é um filme sobre o amor, mas sobretudo sobre a esperança. Não uma amo irrealista e utópico, como parece ao príncipio, mas um amor que têm em conta todos os aspectos da realidade: a doença dela, a loucura de Atilio, toda a história dos dois. Por isso a esperança de Atilio não nasce de uma utopia, de achar que tudo irá correr bem, mas da uma certeza: que ele a ama. O resto virá ou não.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Aquarela

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel

num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul

Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul

Pinto um barco a vela branco navegando,

é tanto céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená

Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar

Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo

e se a gente quiser ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida

com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida

De uma América a outra consigo passar num segundo

Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro

e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar

Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar

Sem pedir licença muda nossa vida,

depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar

Vamos todos numa linda passarela

de uma aquarela que um dia enfim

Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)

e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)

Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá)

Águas de Março

É pau, é pedra, é o fim do caminho

É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol

É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira

Caingá, candeia, é o Matita Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira

É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumeeira

É a chuva chovendo, é conversa ribeira

Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira

Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão

É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho

No rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto

É uma ponta, é um ponto, é um pingo pingando

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando

É a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picada

É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama

É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã

É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão

É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José

É um espinho na mão, é um corte no pé

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã

É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão

É a promessa de vida no teu coração

O Retrato de Dorian Gray


No outro dia passeava-me pela FNAC quando de repente vi a venda O Retrato de Dorian Gray. Tinha-o acabado de ler há pouco tempo, mas o livro era de uma tia minha e portanto fui ver quanto custava. Depois de ver o preço, cmecei a ver se encontrava outros livros de Oscar Wilde. Comecei a vasculhar e percebi que todos os livros eram, no mínimo, estranhos. Quanto levantei os olhos percebi que estava na secção “Gay anda Lesbian” da livraria.

Irritou-me solenemente esta catologação d’ O Retrato de Dorian Gray como um livro gay. Não porque ponha em causa a homossexualidade de Oscar Wilde, ou porque seja “cego” e não tenha apercebido que Dorian Gray pretende ser um auto-retratato do próprio autor do livro. Mas porque o que define Dorian Gray, tal como o que define Oscar Wilde, não me parece que seja a sua vida sexual.

Não sou um critico literário, nem sequer um especial fã de Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray foi a única obra dele que li) e por isso a minha opinião vale o que vale. Contudo, parece-me que aquilo que mais marca o livro, tal como o que marca a vida de Oscar Wilde, é o seu desejo de ser perdoado. Mais do que sua amoralidade ou o seu aparente desprezo pelo bem, ressalta (no autor e na personagem) o seu enorme desejo de misericórdia.

Este desejo de misericórdia, esta ânsia de poder começar de novo é comum a todos os Homens, que têm em si a fractura do pecado original.

A mim o que me marca em Oscar Wilde, apesar da sua amoralidade, apesar da sua exaltação do estético, apesar do seu aparente desprezo por todos os outros, é o seu profundo drama, de querer ser santo e não conseguir. Este é o drama de cada homem, este é o meu drama.

One



Is it getting better
Or do you feel the same
Will it make it easier on you now
You got someone to blame
You say...

One love
One life
When it's one need
In the night
One love
We get to share it
Leaves you baby if you
Don't care for it

Did I disappoint you
Or leave a bad taste in your mouth
You act like you never had love
And you want me to go without
Well it's...

Too late
Tonight
To drag the past out into the light
We're one, but we're not the same
We get to
Carry each other
Carry each other
One...

Have you come here for forgiveness
Have you come to raise the dead
Have you come here to play Jesus
To the lepers in your head

Did I ask too much
More than a lot
You gave me nothing
Now it's all I got
We're one
But we're not the same
Well we
Hurt each other
Then we do it again
You say
Love is a temple
Love a higher law
Love is a temple
Love the higher law
You ask me to enter
But then you make me crawl
And I can't be holding on
To what you got
When all you got is hurt

One love
One blood
One life
You got to do what you should
One life
With each other
Sisters
Brothers
One life
But we're not the same
We get to
Carry each other
Carry each other

One...life
One

I Still Haven't Found What i'm Looking For



I have climbed highest mountain
I have run through the fields
Only to be with you
Only to be with you

I have run
I have crawled
I have scaled these city walls
These city walls
Only to be with you
But I still havent found what Im looking for
But I still havent found what Im looking for

I have kissed honey lips
Felt the healing in her fingertips
It burned like fire
This burning desire
I have spoke with the tongue of angels
I have held the hand of a devil
It was warm in the night
I was cold as a stone

But I still havent found what Im looking for
But I still havent found what Im looking for

I believe in the kingdom come
Then all the colors will bleed into one
Bleed into one
Well yes Im still running
You broke the bonds and you
Loosed the chains
Carried the cross
Of my shame
Of my shame
You know I believed it

But I still havent found what Im looking for
But I still havent found what Im looking for
But I still havent found what Im looking for
But I still havent found what Im looking for...

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Eu não existo sem você

(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

Como diz Tom Jobim "todo o grande amor só é bem grande se for triste", pois todo o grande amor é promessa de um Amor maior.

Nossa Senhora de Lourdes

Dia 11 do próximo mês celebra-se a festa de Nossa Senhora de Lourdes.

"Eu sou a Imaculada Conceição", disse Ela (como desajeitamente lhe chamava Bernadette).


Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós

João Paulo II, rogai por nós

terça-feira, janeiro 23, 2007

Apocalypto!

Apocalypto é, antes de tudo, um filme sobre o Homem. Mais concretamente, sobre a experiência do humano. “Existe dentro do homem uma fossa que nada no mundo pode preencher”, diz o velho sábio índio, quando a aldeia se reune à noite à volta da fogueira. Esta frase resume todo o drama humano: não há nada que corresponda totalmente ao homem.

Nessa cena, onde cada guerreiro se encontra junto da sua família, podemos ver a solidão nos olhos de cada pessoa. Não uma solidão física, mas uma solidão proveniente da consciência que nenhum daqueles que ali se encontram, nem a mulher, nem os filhos, nem os amigos, pode preencher aquela fossa. A solidão que cada homem, desde o índio perdido da América Central, até a o Europeu do séc. XXI, experimenta se levar a sério o seu coração.

Este é o primeiro momento em que se destaca Pata de Jaguar, o protagonista do filme. Tambem ele fica com um ar solitário, vago, perdido, até que a mulher lhe diz “volta para mim”. Aqui podemos perceber como é que, mesmo com a consciência da aparente inutilidade do outro, nasce a comunidade. Nós temos a mesma dor, nós temos o mesmo drama, tu és igual a mim, por isso não posso deixar de me identificar contigo, de te ajudar a percorrer o caminho.

Na madrugada que se sucede a esta cena, a aldeia é atacada. Um grupo de guerreiros maias invade silenciosamente a aldeia, mata quem lhes resiste e captura os que pode. No caos do combate, Pata de Jaguar consegue esconder a mulher e o filho na cisterna da aldeia, mas é capturado quando volta para junto dos amigos para a defender. Nesse momento desenrola-se a segunda grande cena do filme. Durante a luta, Pata de Jaguar quase mata um dos “oficiais” maia, que é salvo pelo comandante da horda. Para se vingar de Pata de Jaguar, o oficial mata o pai deste, Pedra de Céu, que morre a dizer “Meu filho... não tenhas medo!”. Já antes Pedra Céu tinha dito ao filho “Eu não te eduquei para teres medo”. Aqui percebemo o que é autoridade: é quando reconhecemos noutro uma humanidade maior do que a nossa. Que um homem diga com um sorriso, quando tem uma faca apontada ao pescoço, “não tenhas medo” é porque percebe que há algo maior do que a vida, algo que aqueles homens não lhe podem tirar. E este juízo é mais verdadeiro sobre a minha vida do que qualquer outro que eu possa fazer, por isso o mais razoável é seguir um homem assim.

Depois do ataque entramos na parte principal do filme: a fuga de Pata de Jaguar, para salvar a mulher e o filho. Enquanto toda a aldeia se entrega ao desespero de se encontrar escravizada, coisa justa, pois o seu mundo tinha sido destruído, Pata de Jaguar não se deixa esmagar pela circunstância. Para ele só há uma certeza: tem que salvar a mulher e o filho. Não faz um cálculo das probabilidades, para ver se consegue fugir, limita-se a fazer o que tem que fazer em cada momento para voltar à aldeia. Esta é a sua grandeza: não tem medo das circunstâncias, pois não é definido por ela. A certo ponto, ele grita aos seus perseguidores: “Eu sou Pata de Jaguar, filho de Pedra Céu. O meu pai caçou nesta selva antes de mim. Eu sou Pata de Jaguar. Eu sou caçador. Esta é a minha floresta e nela caçarão os meu filhos, com os seus filhos, depois de eu partir”. Isto é quem ele é e isto os seus inimigos não lhe podem tirar.

Por fim, ao cabo de dois dias de perseguição, depois de ter eliminado oito inimigos, de já ter passado pela aldeia, tudo parece estar perdido na mesma. Ele está ferido, sem forças e não tem mais sitio para fugir, pois à sua frente estende-se o Oceano. A mulher está no fundo da cisterna a afogar-se com a agua da chuva. Nesse momento, em que nenhum esforço seu o poderá salvar, chegam os Espanhois, com as velas desfraldadas, exibindo a Cruz. E assim ele é salvo.

O grande Papa João Paulo II, citando São Bento, dizia “É preciso que o heróico se torne quotidiano, para que o quotidiano se torne heróico”. Esta é a grandeza deste filme!

Recomeço!

"A única alegria da vida é começar. Viver é belo porque viver é começar sempre. A cada instante!"

Cesare Pavese

"Para quê atormentar-nos se é tão fácil obedecer?"

Paul Claudel

Este blog recomeça, como acabou, seguindo.